Cigarro eletrónico: estudos evidenciam impactos na saúde sexual do homem

cigarro eletrónico pode afetar a produção de espermatozoides, segundo estudo publicado em julho na Revista Internacional de Andrología. Pesquisadores da Turquia submeteram ratos a fumaça de cigarro e aerossol de vapes (um terceiro grupo, de controle, não inalou nenhuma das fumaças), e descobriram que a alternativa eletrónica pode levar a uma diminuição nos testículos e menor contagem de espermatozoides no animal: 95,1 milhões por mililitro contra a média de 98,5 milhões/mililitro, do grupo de controle.

O aerossol, segundo o estudo, aumenta o stress oxidativo — um desbalanço entre oxidantes e antioxidantes do organismo que tem impacto na fertilidade. A produção em excesso de radicais livres afeta os gametas masculinos e femininos, assim como a capacidade de desenvolvimento dos embriões.

Os pesquisadores apontam que ainda é preciso entender a fundo os efeitos mais a longo prazo dessa exposição ao vape no organismo de humanos e a composição bioquímica dos líquidos para cigarros eletrônicos disponíveis no mercado.

No entanto, a pesquisa reforça rastros de que o uso do cigarro eletrónico possa ter efeito na saúde sexual masculina, um tema ainda nebuloso. Em 2021, pouco após estudos que relacionam o uso do vape a maiores incidências de danos nos ossos, derrames e depressão, estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine analisando bancos de dados sobre tabagismo sugere que fumar cigarros eletrónicos pode duplicar as chances do usuário apresentar quadros de disfunção erétil.

Como no estudo recente, trata-se apenas de uma associação possível: relacionar uma população que diz fumar vape e também ter disfunção erétil não conta toda a história, defende Cameron English, diretor de biociência do American Council of Science and Health, em artigo publicado na ocasião.

“Não é útil se você está a tentar entender os riscos de longo prazo de uma dada exposição, no caso ao vaping. Para destacar um problema possível, os participantes desenvolveram disfunção erétil antes de começarem a usar o vape? Se sim, significa que o cigarro eletrónico não é o culpado, mas esse estudo não consegue comportar essa possibilidade”, escreve.

Em 2020, um estudo de análise reviu um conjunto de outras publicações que exploram a relação entre cigarro eletrônico e fertilidade. Ainda que observem apenas trabalhos realizados em animais — em grande parte, duas espécies de ratos — os cientistas observam evidências de “alterações patológicas em células, tecidos e órgãos do sistema reprodutivo masculino”, tanto em essências com e sem nicotina. O mesmo stress oxidante do estudo mais recente surge como um dos culpados.

Pesquisas nesse sentido ainda esbarram na dificuldade de separar o uso do cigarro eletrónico e do tradicional, uma vez que muitos usuários aliam os dois hábitos na sua rotina. E, no caso da alternativa não eletrónica, o seu impacto sobre a ereção é tema já bem conhecido por urologistas (assunto inclusive estampado em embalagens de maço de cigarro): segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, o fumo leva a maior chance de desenvolver aterosclerose em artérias. Essa alteração no fluxo sanguíneo acarreta dificuldades em levar sangue aos órgãos do corpo, incluindo o pénis, afetando, portanto, a qualidade da ereção.

Fonte: https://gq.globo.com/saude/noticia/2023/09/cigarro-eletronico-impactos-saude-sexual-homem-espermatozoides-erecao.ghtml

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